quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

tempo

Então me vi lavando a louça e o paninho da pia exatamente como a Cristina, a moça que cuidou de mim desde o dia em que eu nasci até eu fazer uns cinco anos. Durante longo tempo, tudo o que eu almejava era fazer tudo o que ela fazia, do jeito que ela fazia: do trabalho de artes que ela terminava tarde da noite até o bolinho de chuva das tardes frias em que a gente brincava de lanchonete. Sou hoje mais velha do que ela era na época em que cuidava de mim, e bem mais desajeitada, acredito. Mas já lavo a louça, escrevo carta de amor, passo roupa, descasco batatas, desenho coqueiros, faço feijão... tudo aquilo que eu achava tão bonito e não podia fazer... quem sabe eu até daria conta de cuidar de um bebê. A vida já me exigiu tanto.

Feliz ano novo e vida nova para quem aprendeu o significado de ser adulta. É ser tudo o que sonhou e se entristecer por perceber que a sublimação era aquela aparente incompletude, tão completa no seu desejo de ser. Porque se tornar gente grande é possível, embora pareça demorar uma eternidade, mas voltar a ser criança...