quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

para a Maria

Sabe, Maria, qual música estou escutando, agorinha? Aquela que me lembra você: "alone, listless, breakfast table in an otherwise empty room..."

Estive pensando em como posso suprir a falta que ele te faz. Não posso. Mas não chora, Maria, a simplicidade e a doçura dele são maiores do que qualquer coisa, e ficaram espalhadas por cada cantinho da nossa casa. E casa é onde a gente deixa o nosso coração, não é esse sobrado meio triste no qual a gente vive.
Olha, obrigada, viu? Se eu sou uma moça esperta, é só porque a sua tristeza sempre se converteu em sabedoria. É só porque isso se juntou à malandragem e alegria de viver do pai e à inteligência assustadora do Ramon. Sempre estive rodeada por anjos...
Quero te provar que até a culpa nos deixa mais fortes. Ainda que a culpa seja só um mecanismo que a gente mesma criou para fugir da angústia tão grande de aceitar: não tinha jeito de fazê-lo ficar.
Maria, vamos fazer aquele doce de banana? Maria, vai comigo àquela manifestação? A gente ainda tem um mundo inteiro para consertar, precisamos correr. Para com essa conversa de que quer morrer, Maria, por favor. Só morre quem está distraído. Se você ficar pensando muito, já te disse, vai ter que me aguentar por mais cem anos!

Embora eu acorde tarde e não tire o pó dos móveis, eu procuro ser, ainda hoje, o seu presentinho de Natal mais querido... como sempre fui, desde 1990.

4 comentários:

Rodrigo Caetano Pinto disse...

Que orgulho pra mamãe.
Maria, seja feliz.

Marília de Paula disse...

você é linda e amarela..

Marília de Paula disse...

" Só morre quem está distraído "

Vinícius Cássio disse...

texto lindo!