segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Conversa vai, conversa vem

Ah, estes encontros de passagem de ano... eu sou a única pessoa da família com posição política definida, acho, aí a galera adora me malhar por isso. Me chamam de ingênua, boboca, daí pra baixo. Vou transcrever um diálogo que tive com uma tia, durante a posse da Dilma. Foi mais ou menos assim (a primeira fala é da minha tia):

- A Dilma já começa mal, porque ela nem entrou e o salário da corja toda já aumentou.
- Isso não diz respeito a nada que a Dilma tenha feito.
- Mas o povo não sabe disso! Ela já entrou queimada.
- Tá. Mas o povo poderia se revoltar com outras coisas, também. E com outros salários abusivos, não só com o dos parlamentares. Um General ganha dinheiro pra caramba, até depois de morrer, e ninguém acha que isso é uma barbaridade.
- Mas ele trabalhou muito pra chegar onde está. Olha o tanto que o seu tio trabalha e estuda. [tenho um tio que é Major]
- Sim, mas um pedreiro trabalha à beça e não ganha nem um décimo do salário dele.
- Mas o pedreiro não estudou.
- Uai, o pedreiro não teve a oportunidade de fazer cursinho Objetivo na Paulista, como o tio.
- O pai do seu tio era um homem pobre que batalhou para fazer seus filhos estudarem.
- Não discordo... mas você não pode pautar sua argumentação em exceções.
- Não são exceções. A gente tem vários exemplos: olha o Lula, o Sílvio Santos...

5 comentários:

victor pompêo disse...

Hahahaha esses são a regra, né. Porque nem existe gente que trabalha à beça e continua se dando mal.

Rodrigo Caetano Pinto disse...

E hoje é culpa do pedreiro não ter estudado, que balela!
Acho tão deprimente quem se vale dos argumentos de que uma pessoa não ganha dinheiro porque não estudou ou não se dedicou o suficiente.

Vinícius Cássio disse...

Pra mim, não existe ninguém sem posição política definida. O que existe é uma posição política "plural" (hahahahaha!), que diz respeito simultaneamente a PT, PSDB, tudo o mais que gira em torno do PMDB. Essa posição política "plural" é a cara do Brasil, o país da "diversidade"! (pra não dizer "desigualdade")!

marcelo disse...

nos porões da família,
orquídeas e opções
de compra e desquite.
a gravidez elétrica
já não traz delíquios.
crianças alérgicas
trocam-se; reformam-se.
há uma implacável
guerra as baratas.
contam-se histórias
por correspondência.
a mesa reúne
um copo, uma faca,
e a cama devora
tua solidão.
salve-se a honra
e a herança do gado.

Elaine disse...

O bacana foi seu interesse em discutir política com a sua família. Isso é bom... muito bom. Beijos e saudades. ;D